Curador da Bienal de 2010, Moacir dos Anjos quer arte política

fonte: Folha de S.Paulo - por Fabio Cypriano - em 14/07/2009
.
Política, sem a institucionalização de um museu ou o afã pelo novo de uma feira de arte. Em síntese, essas são as linhas gerais que vão direcionar a organização da 29ª Bienal de São Paulo, segundo o curador Moacir dos Anjos, anunciado nesta segunda-feira (13) pelo presidente da Fundação Bienal, Heitor Martins, conforme a Folha havia adiantado.
.
De Londres, via Skype, o pernambucano Dos Anjos, 46, explicou o projeto inicial que irá conduzir a preparação da mostra, ainda sem data de abertura definida, mas que deve ocorrer em fins de setembro ou começo de outubro do próximo ano.
.
"O Moacir é o coordenador do grupo curatorial, outros cinco nomes ainda devem ser incluídos, três deles estrangeiros. O conceito de equipe é importante para marcar um pluralismo de visões", afirmou ontem Martins, na sede da Fundação Bienal. Os demais curadores serão anunciados em agosto.
.
A 29ª Bienal não terá um tema específico, mas será organizada como uma "plataforma discursiva", disse Dos Anjos. "Um tema costuma constranger as obras a um ponto específico e por seu tamanho." De acordo com o projeto apresentado pelo curador, isso significa que "o aspecto central dessa plataforma será o reconhecimento do caráter ambíguo que a arte exibe desde que se viu liberta de sua função de meramente representar o mundo".
.
O curador trabalha a exposição com um título ainda provisório, "Há sempre um copo de mar para um homem navegar", verso do poeta alagoano Jorge de Lima. "Vamos dar ênfase à arte como produtora de uma visão de mundo que, em potência, pode transformar a realidade", disse o curador, ao explicar o caráter político da mostra.
.
Ao preparar o projeto da 29ª Bienal, Dos Anjos falou que teve em mente outras mostras, com as quais pretende dialogar: "Não sou ingênuo ou arrogante para achar que vou inventar a roda. A Documenta 11, de 2002, a última Bienal de Sydney, e a 24ª e 27ª Bienais de SP são as mostras que tive em mente para elaborar o projeto."
.
Sobre a Documenta 11, Dos Anjos ressaltou a mescla entre os vínculos estabelecidos da arte feita no presente com a produção do passado, o que deve ocorrer também na 29ª Bienal. Outro viés importante da exposição, também segundo o curador, será seu caráter experimental, que foi lembrado a partir da concepção do crítico Mário Pedrosa em sua famosa formulação "a arte é o exercício experimental da liberdade".
.
A produção brasileira também será fortalecida, sem ser organizada em gueto. "Pretendo romper com a leitura crítica dominante que a arte política brasileira ocorreu só nos anos 1960 e 70."
.
Segundo Martins, a exposição deve custar cerca de R$ 25 milhões, além de R$ 5 milhões para o setor educativo. O curador volta amanhã para Recife. Ele não terá residência permanente em São Paulo.

Heitor Martins é eleito presidente da Fundação Bienal

fonte: Mapa das Artes
.
O empresário Heitor Martins, de 41 anos, foi eleito em 28/05/09 presidente da Fundação Bienal de São Paulo. Candidato único ao cargo, ele teve 28 votos a favor, um contra e duas abstenções. Sócio-diretor da consultoria financeira McKinsey, Martins é investidor e colecionador de arte, casado com Fernanda Feitosa, criadora da feira SP Arte.
.
Além dele, foram eleitos para a diretoria e o conselho todos os nomes que havia sugerido, priorizando profissionais do setor financeiro para dirigir a instituição e colecionadores para o conselho. Martins diz ter a intenção de convidar mais de um curador para realizar a próxima Bienal, sendo um deles estrangeiro. Ele terá como prioridade agora apresentar propostas para realizar a mostra em outubro de 2010 (o evento corria o risco de ser adiado para 2011 por falta de verbas e atrasos na escolha do curador).
.
Com apoio declarado do ministro da Cultura, Juca Ferreira, Martins diz que vai buscar agora estreitar laços com os governos do Estado e do município, além de patrocinadores da iniciativa privada. Também disse que a escolha do curador será uma decisão dele e da diretoria, em vez de uma eleição de projetos submetidos à fundação, como ocorreu nas duas últimas edições da mostra.
.
Estão na nova diretoria Jorge Fergie, sócio de Martins na consultoria McKinsey; Eduardo Vassimon, ex-vice-presidente do banco Itaú BBA; e os empresários Luis Terepins e Pedro Barbosa. Outros membros são Justo Werlang, ex-presidente da Bienal do Mercosul, o colecionador Miguel Chaia e o advogado Salo Kibrit.
.
Por indicação de Martins, passam a integrar o conselho da Fundação Bienal: Alfredo Egydio Setúbal, Carlos Jereissati Filho, José Olympio Pereira, Paulo Sérgio Coutinho Galvão Filho, Susana Steinbruch e Tito Enrique da Silva Neto.

Em crise, Bienal é adiada para 2011; fundação procura presidente

fonte: Folha de S.Paulo - por Catia Seabra - em 17/04/2009
.
Enfrentando severa crise, o conselho de administração da Bienal de São Paulo já trabalha com adiamento de um ano da mostra de arte.
.
Pelo calendário apresentado ao secretário municipal Andrea Matarazzo --recém-convidado a assumir a presidência da fundação--, a próxima Bienal está programada para 2011. Não mais para o ano que vem, como originalmente previsto. Além disso, planejada para este ano, a Bienal de Arquitetura só deverá acontecer a partir de 2010.
.
Prédio onde ocorre a Bienal de São Paulo e a Bienal de Arquitetura e que fica no Ibirapuera.
.
Até lá, o futuro presidente ganharia fôlego para sanear as contas da fundação, negativas, pelo menos, há dois anos.
.
Segundo números obtidos pela Folha, a Fundação Bienal de São Paulo encerrou 2008 com uma dívida de curto prazo de R$ 4,657 milhões, sendo R$ 2,39 milhões com fornecedores e R$ 859 mil em empréstimos.
.
Ainda de acordo com o documento --encaminhado ao conselho fiscal e chamado de "minuta" pela presidência da Bienal-- a fundação gasta, ao longo do ano, mais do que arrecada.
.
Em 2008, sua receita foi de R$ 13,9 milhões, e as despesas, R$ 15,6 milhões: um buraco de R$ 1,643 milhão. Em 2007, o déficit foi de R$ 1,551 milhão.
.
Procura-se
.
Desde outubro, o conselho da Bienal procura um sucessor para o atual presidente da fundação, Manoel Pires da Costa. Pelo estatuto, seu mandato estaria encerrado no dia 6 de fevereiro, dois meses depois da conclusão da Bienal.
.
Mas a debilidade financeira está afugentando os potenciais pretendentes. Presidente do conselho administrativo da fundação, o arquiteto Miguel Pereira conta que, antes de Matarazzo, outros cinco foram sondados para o cargo.
.
Os números da fundação, reconhece, os desencoraja. "A bienal está demorando a resgatar o prestígio e credibilidade. Sofremos um revés acentuado, principalmente nos últimos dois anos", afirma Pereira.
.
Também dedicado à escolha do novo presidente, o conselheiro Julio Landmann conta que a lista de convidados incluiu José Olympio, Rubens Barbosa e Suzana Steinbruch.
.
"Não me lembro de outra Bienal em que o novo presidente não estivesse conhecido até meados de março. Estamos no mínimo um mês atrasados", diz Landmann.
.
Aberta essa lacuna, o conselho está, segundo Landman, disposto a adiar a Bienal para 2011. "Eu jamais faria em 2010. Não me parece lógico. O conselho, por si só, já está convencido de que não seria ideal. Vamos dizer: não teria empecilho jogar ela para frente por mais um ano", admite Landmann.
.
Ao ser convidado pelo conselho, Matarazzo foi informado de que a intenção é montar a Bienal de artes somente em 2011. É a data que fixa o tamanho do mandato do novo presidente.
.
Consenso
.
"Há um consenso de que a mostra foi postergada para 2011. Estou trabalhando com esse prazo", afirma Matarazzo, à espera da revisão de uma auditoria sobre os números da Bienal. Até o presidente Manoel Pires da Costa reconhece: "Não é uma coisa absurda, em função do que está acontecendo na economia do mundo, deixar para fazer a Bienal daqui a dois, três anos".
.
Pires da Costa --que teve a minuta de balanço questionada pelo conselho fiscal-- prefere generalizar a crise: "É um problema da economia do mundo".
.
Na semana passada, as contas da Bienal foram apresentadas para o conselho de administração. Contratada pela fundação, a empresa Deloitte Touche Tohmatsu apontou ressalvas nas demonstrações financeiras da fundação. A auditoria será revista.
.
O presidente da Bienal chegou a agendar uma entrevista com a Folha para falar sobre a saúde financeira da fundação. Mas, por orientação de seu advogado, o encontro foi cancelado. Em nota, a assessoria disse esperar o fim da auditoria.
.
Matarazzo, por sua vez, depende desses números para tomar sua decisão. "Nunca tinha cogitado isso. O que me sensibiliza é o risco de a Bienal terminar", acrescenta ele, que carrega o sobrenome de Ciccillo Matarazzo, fundador da instituição.

Bienal de São Paulo ainda deve pagamento a artistas

fonte: Folha de S.Paulo - por Silas Martí - em 28/02/2009
.
Quase três meses após o fim da 28ª Bienal de São Paulo, pelo menos oito dos 41 artistas na mostra ainda não foram pagos por sua participação, ou tiveram apenas parte do cachê depositado. A Fundação Bienal também deixou de pagar fornecedores desses artistas e de bancar custos de produção.
.
Segundo apurou a Folha, a instituição deve cerca de R$ 1 milhão em pendências da última Bienal, que teve R$ 9 milhões de orçamento total.
.
Procurados pela reportagem, o presidente da Fundação Bienal, Manoel Francisco Pires da Costa, e os responsáveis pelo departamento financeiro não quiseram comentar o assunto. Em e-mail, a assessoria de imprensa da fundação afirmou apenas: "Existem, ainda, alguns pequenos saldos devedores e créditos a receber decorrentes da realização da 28ª Bienal de São Paulo. Estes ajustes estão acontecendo dentro da normalidade".
.
Normalmente um artista convidado recebe um cachê pela participação na mostra e tem os custos de produção financiados pela Fundação Bienal, embora o reembolso, como na 27ª edição, possa levar 18 meses.
.
"As únicas memórias que tenho da Bienal são problemas", disse o artista colombiano Gabriel Sierra, 33, à Folha. "É como um jogo de gato e rato."
.
Sierra passou meses em São Paulo bancado pela Bienal enquanto desenhava o mobiliário usado na exposição, mas até o fechamento desta edição tinha US$ 3.000 a receber dos organizadores do evento.
.
"Houve uma quantidade de injustiças que fizeram comigo, mentiram para mim", disse o artista Nicolás Robbio, 34, argentino radicado em São Paulo que tem R$ 5.000 a receber.
.
"Eu tive o mesmo problema na última Bienal [em 2006], isso me parece mais um procedimento recorrente do que um problema desta edição", afirma a artista Mabe Bethônico, 43, que organizou um ciclo de palestras para a 28ª Bienal.
.
"Tinha um constrangimento da curadoria que me contratou dessa vez porque todo mundo sabia o que eu já havia passado lá dentro", diz Bethônico, que recebeu por sua participação na Bienal de 2006 com um ano e meio de atraso, quando já havia começado o projeto para a edição de 2008 da exposição.
.
Mais grave do que não receber, na opinião da artista, é não ter como pagar assistentes e fornecedores. "É uma situação constrangedora para o artista", diz Bethônico. Na mesma situação, Dora Longo Bahia, que recebeu parte do cachê, e sua galerista, Luisa Strina, gastaram cerca de R$ 20 mil para pagar seus oito assistentes.
.
"A Bienal ficou de pagar, correr atrás de patrocínio e não fez isso", conta Longo Bahia, 47, que disse também ter autorização para ligar as luzes quando trabalhava à noite.
.
Gringos
.
Tentando evitar mais estresse, alguns artistas estrangeiros, como o norte-americano Casey Spooner, do duo eletrônico Fischerspooner, o argentino Martiniano López-Crozet e a mexicana Milena Muzquiz, do Los Super Elegantes, foram mais duros na negociação.
.
Spooner se recusou a pegar o avião para fazer sua performance no Brasil até que depositassem o cachê na sua conta, enquanto López-Crozet e Muzquiz esperaram mais de três meses para receber, sendo que tiveram o dinheiro depositado só quando ameaçaram falar sobre o caso numa entrevista ao jornal "The New York Times".

Avulsos em série, desenhos de Juliana Garcia ...... CONVITE!!! .... apareçam!!!

exposição de desenhos da artista Juliana Garcia, de 08 de abril a 06 de maio, no dconcept - escritório de arte.



++ sobre o trabalho de Juliana Garcia em www.istonaoeumescritorio.com

Brasil e Senegal se reúnem para planejar III Fesman - Festival Mundial de Artes Negras

Fonte: Informe Palmares
.
O III Festival Mundial de Artes Negras (Fesman) foi pauta de reunião entre os ministérios da Cultura de Brasil e Senegal em Brasília, no último dia 22 de janeiro. Marcado para o dia 1º de dezembro, o III Fesman será realizado em Dacar, no Senegal, até o dia 21 do mesmo mês. O Brasil será convidado de honra do evento, que contará com a participação de mais de 80 países.
.
Estavam presentes à reunião, o presidente da Fundação Cultural Palmares (FCP), Zulu Araújo e o ministro da Cultura interino, Roberto Nascimento, além do ministro da Cultura senegalês, Mame Birame Diouf. O ministro Juca Ferreira e Zulu Araújo coordenam a comitiva brasileira do III Fesman.
.
Na reunião, as delegações definiram o dia 25 de maio como a data de lançamento oficial do evento no Brasil. O lançamento contará com as presenças dos presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e do Senegal, Abdulaye Wade. Além disso, foi definida a data da reunião do Comitê Internacional, nos dias 1º, 2 e 3 de março, com a presença do ministro Juca Ferreira e do presidente da FCP, Zulu Araújo.
.
O ministro senegalês ressaltou que a reunião foi muito importante por ter sido realizada em um país escolhido para ser homenageado e com um papel relevante no Festival. "O Brasil tem uma liderança muito grande na América Latina e na Comunidade Negra, por isso esse encontro de hoje é primordial. O povo senegalês espera ansiosamente pelos brasileiros", disse.
.
Zulu Araújo, presidente da FCP O presidente da Fundação Palmares declarou que o MinC está cumprindo rigorosamente o cronograma já acordado em outras reuniões. Segundo Zulu Araújo, já foram criados os Comitês MinC e Comitê Nacional para o Fesman, além da primeira disponibilidade financeira, da ordem de R$ 3 milhões. Zulu Araújo relatou ainda a previsão de dois grandes eventos pré-Fesman: o 1° Fórum Nacional de Performance Negra para a Dança e Teatro, a ser realizado em Salvador, com previsão para maio, e o 2° Encontro sobre Renascimento Africano, previsto para acontecer no Rio de Janeiro, em junho.
.
O Festival Mundial das Artes Negras é a maior reunião das artes e da cultura negra do mundo. Foi idealizado pelo ex-presidente do Senegal, Léopold Sédar Senghor, na década de 1960, com o tema "Significação da Arte Negra pelo Povo e para o Povo". O segundo foi realizado na Nigéria, em 1977, com o tema "Civilização Negra e Educação". Este ano, vai homenagear o Brasil, com o tema o "Renascimento Africano". A homenagem se deve principalmente ao fato de o Brasil abrigar a segunda maior população negra mundial depois da Nigéria. Mais de 80 países vão participar do III Fesman. Quatro redes de satélites vão percorrer o mundo inteiro mostrando toda a programação, que será transmitida em cinco idiomas: inglês, francês, espanhol, português e árabe.