Mercado da arte vive boom pré-Bienal

fonte: Folha.com, em 12/09/2010, por Mariana Barbosa

Centenas de colecionadores estrangeiros e diretores de instituições internacionais de prestígio, do MoMa à Tate, chegam ao país na semana que vem para a abertura da 29ª Bienal de São Paulo.

As dezenas de jantares e de visitas guiadas a galerias que os esperam são apenas parte de um momento oportuno para a arte brasileira, que já movimenta estimados R$ 200 milhões por ano.

Desde o início da década, o mercado tem crescido a um ritmo de 50% ao ano. Diversas obras se valorizam a 30% ao ano, deixando para trás outras aplicações de risco. A força econômica do setor não passa despercebida.

"O Brasil está na moda e as pessoas percebem que ter arte em casa é um luxo", diz a galerista Luisa Strina, dona da mais antiga galeria de arte contemporânea de São Paulo. "Primeiro, as pessoas têm de ter casa, carro; depois, um carro melhor. A arte é o último luxo. Um luxo necessário, que te faz pensar."

Luisa afirma que, há menos de dez anos, vendeu um trabalho da série Metaesquema, de Hélio Oiticica, por US$ 5.000. Na última edição da SP Arte, feira que reúne galeristas de todo o país, um Metaesquema similar estava à venda por US$ 250 mil.

"A arte se tornou um ativo muito interessante. Tem muita gente querendo comprar e pouca gente querendo vender", avalia Jones Bergamin, da Bolsa de Arte.

Nem mesmo a crise internacional, que levou a uma retração do mercado de arte europeu e americano da ordem de 30% no ano passado, fez os preços dos artistas brasileiros caírem. "O mercado continuou crescendo, mas o ritmo de alta foi reduzido", diz Bergamin. Ele estima que o mercado deva crescer entre 10% e 20% neste ano.

VALORIZAÇÃO

Depois que a tela "O Mágico" (2001), de Beatriz Milhazes, alcançou a marca de US$ 1 milhão em um leilão da Sotheby"s, em 2008, o mercado de artes passou a atrair investidores interessados puramente no potencial de valorização das obras.

A Plural Capital, butique de investimentos formada por ex-sócios do Pactual, está estruturando um fundo de investimentos de R$ 50 milhões para artes plásticas -o Brazil Golden Art. Com prazo de cinco anos, o fundo pretende passar os três primeiros anos adquirindo obras de artistas contemporâneos, e os dois últimos vendendo.

Heitor Reis, um dos sócios do fundo, diz que já captou 80% do total. "Se analisarmos os últimos dez anos, os investimentos em arte tiveram uma valorização muito superior à da Bolsa." De 1999 a 2009, o Ibovespa subiu, em média, 26,03% ao ano. O BGA não foi às compras, mas Reis já pensa no lançamento de um segundo fundo.

No mundo das galerias, já começam a surgir histórias de especuladores, que compram na galeria e logo em seguida colocam a obra à venda em leilão.

Mas nem só de especuladores e investidores profissionais vive o mercado. Se há 20 anos dava para contar nos dedos o número de colecionadores sérios, hoje eles passam de mil.

Novas galerias surgem a todo instante -eram 50 no eixo Rio-SP no início da década. Hoje são 90. A arte está na abertura da novela da Globo ["Passione"], com trabalho de Vik Muniz.

A Bienal tenta aproveitar esse bom momento, depois de cancelar seu evento dedicado à arquitetura e sofrer o vazio na edição de 2008.

Sob comando de Heitor Martins, sócio diretor da consultoria McKinsey, a fundação arrecadou R$ 45 milhões.
 
O evento deverá movimentar a economia da cidade de São Paulo em mais de R$ 250 milhões em gastos de turistas -o segundo evento mais importante da cidade, atrás apenas do GP de Fórmula 1, que gira R$ 260 milhões.

Radiografia do novo MAC

Sob a direção de Tadeu Chiarelli, o Museu de Arte Contemporânea da USP inaugura a sua sede e entra em nova fase.
fonte: ISTOÉ Independente, 06 de agosto, por Paula Alzugaray

CHIARELLI “O edifício do MAC é um monumento, que agora vai fazer parte da coleção do próprio museu” 


Quatro andares para uma grande exposição permanente do acervo, dois andares para exposições de arte contemporânea e um anexo formatado para mostras de artistas em meio de carreira. No início de dezembro, quando o MAC USP inaugurar sua nova sede, no antigo edifício do Detran, terá à sua disposição um espaço de 32 mil metros quadrados para colocar em prática as linhas mestras de seu novo diretor, Tadeu Chiarelli: mapear, prospectar e “retrospectar” a arte.

“O foco do museu é sua coleção e tudo gira em torno dela”, afirma Chiarelli, que traz na bagagem a experiência de 27 anos como ­professor-doutor da USP e a curadoria-geral do Museu de Arte Moderna de São Paulo entre 1996 e 2000.

Com a mudança de espaço, muda o projeto do museu?
O MAC poderia mudar de sede e manter a mesma linha de atividades, mas nós queremos aproveitar essa mudança para transformar a perspectiva política do museu.

Em que medida o fato de o MAC ser um museu universitário influencia seu projeto?
O que distingue o museu é, primeiro, seu corpo estável de profissionais, que tem como foco o estudo da coleção. Por outro lado, uma coleção importantíssima, que nos últimos anos não tem tido oportunidade de ser mostrada com uma periodicidade interessante. Vejo nos museus uma tendência de acelerar muito a periodicidade das exposições. Por ser um museu universitário, o MAC não precisa entrar nessa corrente. O tempo da arte é um tempo desacelerado, voltado para a contemplação e a reflexão. O foco do museu é a coleção. Tudo gira em torno da coleção existente e das possibilidades de ampliação dessa coleção. Com uma visão sempre retrospectiva e prospectiva. Isso vem muito da experiência que tive de museu de arte universitário na minha formação. Quando eu estudava arte, o (Walter) Zanini era professor no departamento de artes plásticas e era diretor do MAC.

O MAC precisa de todo aquele espaço do novo edifício?
Precisa. Hoje o MAC só consegue mostrar em torno de 2% de seu acervo, que tem cerca de dez mil obras. É muito pouco.
O Zanini dizia que todo cidadão de São Paulo tem o direito de entrar na Pinacoteca para ver o “Caipira Picando Fumo”. O MAC tem uma belíssima coleção e a ideia é que essa coleção seja mostrada em sua grandiosidade na maior parte do espaço expositivo do museu, em uma grande exposição de longa duração, por mais de um ano. Outro aspecto é chamar a atenção para o que está por vir. Como museu de arte contemporânea, devemos assumir esse fator de risco.

O museu vai evitar mostras que não se enquadrem no seu projeto curatorial?
Exatamente. Hoje o circuito está muito sofisticado e, se você não tem ideias, vira um balcão de exposições. O MAC vai estabelecer suas diretrizes e, a partir daí, dialogar com o circuito, sem ficar refém das ofertas.

Podemos dizer que, mesmo com toda a visibilidade do novo edifício, seu projeto é “antiespetacular”?
O espetáculo é o edifício em si, porque é da década de 50, a melhor fase de Niemeyer. É emocionante. É um monumento que, por si só, vai atrair o público. O outro espetáculo é a coleção. Mas não faz parte da minha linha de compreensão da arte montar uma exposição de “obras-primas”. Se quiséssemos, o MAC conseguiria: tem o único autorretrato do Modigliani, tem um Matisse fabuloso. Mas queremos mostrar todas essa obras dentro de conflitos e questões. Interessa perceber Modigliani no contexto geral da obra do artista. Isso é educação. O MAC será um espaço de resistência em todos esses níveis. Por ser um museu público, deve propiciar um diferencial na fruição da obra e na experiência do público com a arte.

O MAC tem adquirido obras?
Com muita dificuldade. Quero negociar um programa de aquisição. O momento da minha chegada é o momento mais profícuo, em que estamos tentando estabelecer uma compreensão comum do que é o MAC, do que ele já tem e do que se quer. Não vou ficar à mercê do que está disponível. Se sei exatamente o que quero, vou criar condições dentro da universidade para conseguir.

Inaugura em setembro?
Não, a obra termina no final de agosto, mas consegui adiar a inauguração para dezembro. Achei que vocês queriam aproveitar a Bienal. Queriam. Mas não estamos disputando com a Bienal. O MAC tem um papel a cumprir dentro do circuito paulistano. Tem uma história muito importante, com altos e baixos, e agora ocupa um espaço físico onde vai poder redimensionar o seu espaço simbólico.

DESDOBRAR DA GENTE, de Juliana Garcia e DESENHOS, de Mariana Palma no SESC Ribeirão Preto

exposição DESDOBRAR DA GENTE, linhas, cores, tecidos e contextos, de Juliana Garcia e DESENHOS, de Mariana Palma, de 05 a 31/08, no SESC Riberião Preto.

Apareça!!!



































portal SESCSP
L
trabalhos de Juliana Garcia em www.istonaoeumescritorio.com

Martinelli reabre visitação após dois anos de reforma

fonte: Folha de São Paulo, 24 de julho de 2010, por Vanessa Correa
 
Igreja de São Bento, edifício Altino Arantes, catedral da Sé, viaduto Santa Ifigênia, Vale do Anhangabaú. 

A visão destes e de outros marcos do centro de São Paulo dão charme extra ao passeio na cobertura do primeiro arranha-céu da cidade, o edifício Martinelli, que reabre na próxima segunda-feira para visitação depois de dois anos e meio em obras.

O palacete que fica no topo foi restaurado e agora abriga a Secretaria de Controle Urbano. Ele foi construído por Giuseppe Martinelli para ser sua casa. O imigrante italiano queria provar que seu prédio de 30 andares era seguro, apesar dos 130 m de altura -na inauguração, em 1929, a maioria dos edifícios não passava dos cinco andares. 


O restauro do prédio, tombado pelo patrimônio histórico, foi feito pelo condomínio do edifício, que abriga órgãos da prefeitura, sindicato dos bancários, Caixa Econômica e lojas no térreo. Os condôminos ratearam os custos, que não foram divulgados. 

No que seria o "quintal" da casa do comendador, o piso teve que ser todo substituído, por causa do desgaste. Ladrilhos hidráulicos idênticos foram feitos pela empresa que fabricou os originais. 

"Já tínhamos a fôrma, foi só acertar a cor", explica Amílton Ruocco Júnior, neto do fundador da Ladrilar.

Outro detalhe da restauração foi a argamassa que reveste o palácio, a mesma do corpo do prédio. Como no projeto original, a cor rosada foi obtida não com pintura, mas pela mistura de pigmentos, areia e pó-de-mica, uma rocha cintilante. 

EDIFÍCIO MARTINELLI
ONDE
: rua São João, 35, tel. 0/xx/ 11/3104-2477
QUANDO
: visitas agendadas
QUANTO
: grátis

Por que Vik Muniz vale tanto?

Por que as obras do artista brasileiro Vik Muniz valem tanto?

fonte: mapa das artes

O artista plástico brasileiro Vik Muniz conquistou, em menos de 15 anos de carreira, uma posição invejável no cenário artístico internacional. Suas fotografias construídas com arames, linhas, açúcar, chocolate, restos de carnaval, terra e outros materiais insólitos estão hoje nos principais museus do mundo inteiro, como o Metropolitan e o MoMA, ambos em Nova York. Vik também foi o primeiro brasileiro a realizar uma individual no Whitney Museum e, este ano, já expôs em Washington, Atlanta, Nova York e Rio de Janeiro. Hoje, por exemplo, Vik tem obras exibidas na Bienal de Veneza (no pavilhão brasileiro e no Palazzo Fortuny). Ele também tem mostras previstas para Paris (dezembro) e São Paulo (a partir de 28 de junho, no Museu de Arte Moderna).

Todo esse sucesso se deve ao seu grande talento, mas também a uma série de acasos e de estratégias mercadológicas que envolvem artista, galeristas e colecionadores. 

Vik Muniz fez a coisa certa desde o início. Mudou-se para Nova York em 1984 e ali mesmo realizou sua primeira mostra individual, na Stux Gallery, em 1989. 

Sua primeira série de trabalhos já tinha um forte apelo internacional. “The Best of Life” era uma série de reproduções de fotos históricas publicadas na revista “Life”, como o beijo na praça Times Square, uma platéia durante uma projeção de cinema em 3-D, o primeiro homem na Lua. Vik surgiu assim já deslocado de qualquer contexto regional de produção artística. 

O banqueiro de investimentos José Olympio Pereira, colecionador de Vik, conta que o fato do artista morar em NY influenciou sua decisão de investir no artista. “Vik não foi amor à primeira vista. Eu tinha dificuldades com a figuração. Aproximei-me dele porque gosto do uso que ele faz de materiais inusitados e efêmeros, que é algo inédito, criativo e inovador. O fato de ele morar em NY e estar inserido em um circuito internacional era um bom indício de potencial de valorização”, diz José Olympio, que possui três obras do artista. 

Em 1994, com cinco anos de carreira, Vik já havia realizado oito exposições individuais: em Nova York (quatro), São Francisco, Santa Mônica, Paris e São Paulo. Também havia sido incluído em mais de 30 mostras coletivas internacionais. 

Os preços das obras vêm acompanhando as atividades do artista e também não param. As suas “fotografias de arame”, por exemplo, foram apresentadas em São Paulo em 1995 e custavam US$ 1,5 mil. Hoje custam US$ 6 mil, o que representa uma valorização de 300% em seis anos. 

A galerista Márcia Fortes (da Galeria Fortes Vilaça, que o representa) justifica a valorização. “Vik já produziu oito séries de trabalho depois dos arames. Eles já são raridades. Já existe uma competição internacional por eles”, diz. 

A sua galeria em São Paulo possui fotografias em terra ou arame (US$ 6 mil cada) e fotografias com restos de carnaval ou chocolate (US$ 12 mil cada). As fotografias com pó (apresentadas no Whitney Museum) valem US$ 15 mil. As fotografias com açúcar (exibidas na Bienal de São Paulo em 1998) estão esgotadas. Segundo Márcia Fortes, esse controle dos preços das obras de Vik Muniz é feito em parceria com a galeria de Nova York (Brent Sikema). 

No ano passado, por exemplo, as pinturas de chocolate custavam US$ 10 mil, mas uma delas (“Action Photo 1”) foi colocada em leilão na Sotheby’s de Nova York e foi vendida por US$ 38 mil. 

O sucesso da obra “Action Photo 1” é explicável e vai além de suas qualidades formais. A foto pertence à série “chocolate”, uma das mais conhecidas do artista; o leilão aconteceu em Nova York; e os americanos são loucos por Jackson Pollock, artista que é representado na obra. “É a imagem mais famosa de Pollock e ele é um dos ícones máximos da pintura norte-americana. A foto tornou-se um clássico, pois revisa um momento fundamental da arte norte-americana”, explica Márcia Fortes. 

Segundo a galerista, essa venda provocou uma forte especulação em cima da obra do artista. “Nem o artista nem sua galeria acham que o preço recorde no leilão foi um bom negócio, pois isso pode inflacionar o mercado em cima de um lance especulativo. Nós e a galeria de Nova York decidimos segurar o preço da série em chocolate em US$ 12 mil. Um bom preço em um leilão pode valorizar a obra do artista ou provocar uma chuva de obras no mercado e acaba jogando o preço do artista para baixo”, diz Márcia Fortes. 

Segundo ela, seu papel como galerista é resolver uma difícil equação entre alta demanda, pouca oferta, especulação em leilões e comercialização secundária por outros marchands. “Trata-se de um malabarismo conter os preços e, ao mesmo tempo, não defasá-los. A galeria tem que proteger a obra do artista e a suavidade do desenvolvimento de sua carreira ao longo dos anos e não agir com as obras como se fossem lances em uma bolsa de valores”, complementa Márcia Fortes. 

Também é papel do galerista selecionar o destino das obras do artista, evitando, por exemplo, que se concentre nas mãos de marchands ou de poucos colecionadores. No Brasil, Vik está no acervo de importantes colecionadores brasileiros, como Frances Marinho, Isabella Prata, Gilberto Chateaubriand e Bernardo Paz. 

Um número exagerado de obras nas mãos de poucos colecionadores pode não ser um bom negócio, pois dá a eles um grande poder de especulação. Um grande colecionador pode, por exemplo, pode forçar um lance recorde em um leilão apenas para que as obras em seu poder valorizem. 

“O fato de ter um bom marchand, que tem controle sobre a produção e orienta o artista, é uma segurança para o colecionador. Existe sempre um risco em relação ao artista contemporâneo, mas sendo um bom artista e tendo um bom marchand, o sucesso é quase garantido”, diz o colecionador e investidor José Olympio.

Ricardo Resende vai dirigir o Centro Cultural São Paulo

Curador deixa cargo na Funarte para dirigir o CCSP, espaço da Prefeitura que vai fazer 30 anos 

fonte: o estado de são paulo, por Camila Molina, 01 de julho de 2010

SÃO PAULO - Crítico e curador, Ricardo Resende já pediu demissão da diretoria do centro de artes visuais da Fundação Nacional das Artes (Funarte), do Ministério da Cultura, para assumir a direção-geral do Centro Cultural São Paulo (CCSP), órgão da Prefeitura. No início de maio, Martin Grossmann anunciou sua saída espontânea do cargo de diretor do CCSP (estava desde 2006). Resende, que anteriormente à Funarte dirigiu, entre 2005 e 2007, o Museu de Arte Contemporânea do Centro Cultural Dragão do Mar de Arte e Cultura, em Fortaleza, pretende começar sua gestão no CCSP a partir da segunda quinzena de julho.

"Precisava de alguém com experiência institucional e o Ricardo ainda tem a vantagem de ter trabalhado no governo. Trabalhar no governo não é muito simples. As pessoas vêm com as melhores das intenções e esbarram em todo o tipo de dificuldade, porque o serviço público é muito controlado, para dizer o mínimo", afirmou o secretário municipal de Cultura, Carlos Augusto Calil, que convidou Resende para assumir o CCSP. O novo diretor da instituição pretende se reunir com Calil e com Grossmann amanhã para se inteirar da situação do CCSP. "Me parece que vai tudo muito bem e sua programação é sintonizada com a arte contemporânea", diz Resende, que, a princípio, tem como ideia dar continuidade ao programa de Grossmann.

Análises. O CCSP tem como orçamento para 2010 a ordem de R$ 10.677.373,00, segundo a Secretaria Municipal de Cultura. Resende, mesmo ainda achando ser prematura qualquer avaliação, acredita que o montante "é pouco" para a estrutura de um espaço com 48 mil m² com atividades gratuitas e grande circulação de público - em 2009, a instituição contabiliza ter recebido 819.503 pessoas em suas atrações e frequência em 2010, até maio, 308.862. "O que me preocupa como secretário não são as coisas que estão bem encaminhadas, como a programação e a sinergia das áreas culturais propostas por Grossmann, mas as ligadas à preservação do acervo, que nós não conseguimos fazer", afirma Calil, que, ele próprio, dirigiu o CCSP antes de assumir a Secretaria Municipal de Cultura, em 2005.

"Não consegui realizar ainda a reserva técnica e estou muito preocupado com a melhoria das salas de espetáculos, que estão quase que na lona, algumas delas. Construídas em 1982, elas não foram modernizadas e isso tem que ficar pronto até 2012, porque não só é fim da minha gestão na Secretaria, como o Centro Cultural vai fazer 30 anos." Calil afirma que está buscando recursos para essas empreitadas e, inclusive, aporte do Ministério da Cultura para a obra da reserva técnica, que já tem projeto arquitetônico.

As bibliotecas do CCSP - "gostaria que voltassem a ter atitude ativa", diz Calil - necessitam de cuidado, mas a questão dos acervos também é prioritária. Por exemplo, está aos cuidados da instituição a Coleção de Arte da Cidade, de cerca de 2.800 obras e coleções de arte postal. Calil tinha como projeto usar a Galeria Prestes Maia, na Praça do Patriarca (retomada do Masp pelo município), para abrigar e expor a Coleção de Arte da Cidade, entretanto, ele diz que, por decisão do prefeito Gilberto Kassab, o espaço não será mais cultural, vai tornar-se um anexo da Prefeitura. Resende cogitou que se criasse dentro do CCSP espaço museológico.

Resende é mestre em História da Arte pela USP, nasceu em 1962 em Minas, mas foi criado em Mococa (SP). Tem carreira na área museológica, com passagens pelo MAC/USP, MAM-SP e direção do museu do Centro Dragão do Mar em Fortaleza. Assumiu em janeiro de 2009 cargo na Funarte e desde 1996 coordena o Projeto Leonilson.