Brasil no mercado de arte

Brasil representa só 1% do mercado de arte
 
da Folha de São Paulo, por FABIO CYPRIANO, enviado especial a MAASTRICHT, publicado em 16/03/2013

As vendas no mercado de arte no Brasil alcançaram 455 milhões de euros (R$ 1,2 bilhão) em 2012, valor que corresponde a 1% do mercado mundial, anunciou ontem a economista Clare McAndrew.

A constatação está em relatório encomendado pela Tefaf (The European Fine Art Foundation, ou fundação europeia para as belas artes). Desde 2009, McAndrew realiza uma pesquisa sobre o mercado global de arte, mas esta é a primeira vez que o Brasil foi incluído no relatório.

"Todo mundo tem interesse nos mercados emergentes. Já se estudaram China e Índia, mas nunca se havia feito uma pesquisa internacional em arte sobre o Brasil.

Esse estudo é apenas um começo, algo ainda superficial", disse a economista, que dedicou 36 páginas de seu relatório e cinco meses de trabalho ao país.

Em seu diagnóstico, a economista afirma que "um impedimento ao desenvolvimento do mercado brasileiro se deve aos impostos e regras de importação". Para comprar arte fora do país, os impostos no Brasil podem chegar a 50%, enquanto na Europa estão em torno de 6%.

"Um curador brasileiro me contou que, para driblar isso, convida artistas a criarem obras no país", diz a economista McAndrew.

POUCOS COM MUITO

O relatório aponta também a concentração de brasileiros em leilões no exterior: "Nos últimos três anos, os cinco artistas mais vendidos correspondem a 69% [das vendas]". A artista que mais cresceu foi Beatriz Milhazes: de 2005 a 2012 seus trabalhos foram valorizados em 629%.

"Há quem diga que os brasileiros já estão supervalorizados no exterior. Sem dúvida, é difícil manter quem cresce muito rápido", afirma McAndrew.

Outra conclusão da economista é a particularidade do Brasil em relação às casas de leilão, que correspondem a apenas cerca de 30% do mercado, deixando os 70% restantes para galeristas e marchands de arte.

Na China, a situação é inversa: as casas de leilão concentram 70% do mercado; já nos EUA e na Europa, ficam com quase 50% do total.

"Talvez isso ocorra no Brasil porque muitos colecionadores preferem vender obras em leilões no exterior", avalia McAndrew.

O relatório também abordou a China como um mercado de arte muito significativo: apesar da queda de 24%, de 2011 para 2012, o país comercializou mais de 10 bilhões de euros (R$ 25,7 bilhões).

Assim, os EUA, que apareceram em segundo lugar na pesquisa de 2011, passaram a liderar as vendas em arte, com 14,2 bilhões de euros (cerca de R$ 36,5 bilhões).

O jornalista FABIO CYPRIANO viajou a convite da Tefaf
  
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