Arte online

fonte: Revista, Fundação Iberê Camargo, em 08 de dezembro, 2009


A Internet não é exatamente novidade no mundo das artes: você está, agora mesmo, lendo a Revista Digital da Fundação Iberê Camargo, uma entre os diversos sites que discutem, noticiam e divulgam as práticas artísticas no Brasil e no mundo. Ao mesmo tempo, cresce também a venda online de obras de arte – que acaba de ganhar mais um boom. É a recém-lançada Galeria Motor, espaço virtual que reúne cerca de 80 artistas e 170 obras no site de comércio eletrônico Submarino.

Sinal dos tempos. Por um lado, o chamado e-commerce já é uma realidade: segundo o site eCommerceOrg, o Brasil é o sexto colocado no ranking dos países com maior número de usuários de internet no mundo, com 50 milhões de pessoas ou 26.1% da população com acesso à rede. Isto representa um surpreendente crescimento de 900% no período de 2000 a 2008. Nesta década, o comércio eletrônico também cresceu, atingindo, no ano passado, a marca de faturamento de R$ 8,2 bilhões ao ano – e a previsão é que 2009 feche alcançando os R$ 10 bilhões. Por outro lado, o universo virtual tem servido como espaço aberto para divulgação do trabalho de inúmeros artistas, que fazem uso de sites e redes sociais para mostrar suas obras e fazer contatos profissionais – muitas vezes fugindo do circuito tradicional da arte.

E é identificando uma brecha neste cenário quase contraditório que se insere a Motor, resultado de uma parceria entre a galeria paulistana Nara Roesler e o Submarino, com a adesão de parceiros importantes como as galerias Luisa Strina, Luciana Brito, Raquel Arnaud, Leme, Choque Cultural, Casa Triângulo, Marília Razuk, Laura Marsiaj, Thomas Cohn, Eduardo Fernandes, Bolsa de Arte e Samba Photo, além de grupos como o do Atelier Fidalga. “A participação do comércio virtual em vários setores está mostrando que ele já ficou, e só tende a aumentar”, acredita Alexandre Roesler, diretor da Motor e responsável pela implantação do projeto. “Resolvemos montar uma galeria virtual diferente do que já se tem: conseguimos articular com galerias importantes e grandes artistas, fazendo obras específicas para serem vendidas pela internet”, explica. Segundo Alexandre, mais de 90% dos trabalhos vendidos na Motor foram criados com este fim, aumentando algumas tiragens para permitir uma redução maior dos preços.

Junto de nomes já estabelecidos das artes brasileiras estão representantes das novas gerações, artistas jovens cujo talento é uma aposta das galerias. Segundo Roesler, todos os representados passaram por uma seleção feita pelo Conselho Curatorial da Motor, composto por membros das demais galerias envolvidas e por um curador convidado – no caso, o crítico de arte Agnaldo Farias, que participou do processo até ser convidado a assumir a curadoria da Bienal Internacional de São Paulo. A ideia é que o convidado mude a cada ano, trazendo novas propostas para a coleção. “Queremos educar o olhar do público para a arte contemporânea, oferecendo obras para todo o país, 24 horas por dia, sete dias por semana, com informações sobre os artistas”, destaca Roesler. Além do breve texto sobre a obra e sobre o autor, que acompanha cada um dos trabalhos, em breve devem estar disponíveis no site entrevistas em vídeo com os artistas.

O diretor credita boa parte do sucesso da plataforma à credibilidade do Submarino, uma das maiores plataformas de e-commerce do Brasil, com experiência e estrutura necessárias para abrigar a iniciativa. Desde o lançamento da Galeria Motor, todas as obras foram armazenadas diretamente pelo site, que as recolhe dos espaços de arte e dos ateliês dos artistas. “Eles estão acostumados a transportar desde ovos de Páscoa até TVs de plasma. Ou seja, têm conhecimento e eficiência nos processos”, elogia Roesler.

“Nossa intenção é ampliar o acesso à arte, para que as pessoas conheçam mais, comprem seus primeiros trabalhos e peguem gosto pela coisa. Acreditamos que podemos ajudar para a criação de um novo grupo de jovens colecionadores e apreciadores da arte contemporânea”, defende. Sinal dos tempos.