PARTE, nova feira de arte contemporânea

Uma nova feira
Com objetivo de democratizar acesso, PARTE inicia atividades em novembro

em O Estado de S. Paulo, por Camila Molina, 04/08/2011

Desde janeiro, a advogada Tamara Perlman e a artista e administradora Lina Wurzmann estão produzindo uma nova feira de arte contemporânea em São Paulo, a PARTE. Já com data e local marcados - abertura em 17 de novembro e um espaço de mil m² em Pinheiros -, o evento terá como principal característica colocar à venda obras com baixos preços. Para os parâmetros do mercado de arte significa trabalhar com peças que tenham valor máximo de R$ 15 mil - mas a média, segundo elas dizem, será de R$ 3 mil por obra.

André Lessa/ AE
'Queremos que todos saiam com uma obra de
arte', dizem idealizadora
"Nosso diferencial com essa faixa e colocando um limite é trazer mais gente para o mundo da arte, sempre vinculada a preços exorbitantes", diz Lina Wurzmann. "Queremos giro, que a pessoa saia da feira com uma obra", completa Tamara Perlman. PARTE, nome do evento, se refere, como elas afirmam, à ideia de que o público possa fazer parte do mercado de arte. Mas o grande desafio das organizadoras, com a proposta de acessibilidade, será o de segurar a qualidade da feira.

Para essa primeira edição, Lina e Tamara contam que terão a participação de cerca de 25 galerias de São Paulo, entre elas, confirmadas presença de trabalhos de artistas da Virgilio, Zipper, d.Concept, Mezanino, Arterix, Jaqueline Martins e Escritório de Fotografias. Por enquanto, as organizadoras do evento não pensam em trabalhar com arte popular brasileira porque o público, segundo Lina, ainda tem certo preconceito com o segmento. Mas no "mix" de galerias e gêneros do evento, as organizadoras querem apostar em fotografia, gravura e street art, como contam, predominantemente, realizada por artistas nacionais. "Nosso foco é nacional, até porque as obras encarecem muito com os impostos", diz Lina.

Demanda. O mais difícil foi encontrar um espaço, procuramos da Barra Funda a Moema", conta Tamara. O local onde ocorrerá a feira, no bairro de Pinheiros (muito próximo do Instituto Goethe), foi acertado em julho. Trata-se de um salão de cultos e festa de uma associação coreana, em que se destaca um belo piso de taco. O espaço, amplo, terá de ser transformado pela cenografia para acomodar os estandes das galerias, com variação de áreas de 15m², 25 m² e 35 m² e preços entre R$ 6 mil e R$ 13 mil (o m², afinal, custará R$ 360).

A PARTE vai ser inaugurada em 17 de novembro para convidados e receberá o público entre os dias 18 e 20 de novembro. Pelo seu perfil, a feira é uma iniciativa que satisfaz a demanda de jovens galerias ou galerias de menor porte por oportunidades para alavancar seus jovens artistas. "Faltam novas ideias no mercado", diz Alessandra d"Aloia, presidente da Associação Brasileira de Arte Contemporânea (Abac), que agrega 28 galerias de seis Estados. Sócia da Galeria Fortes Vilaça, uma das mais importantes de São Paulo, Alessandra afirma que o formato de feira está viciado, em todo o mundo, mas uma característica importante do mercado é que colecionadores estão sempre buscando novidades. "E as galerias não conseguem abraçar todos os artistas", ela completa. "Pode ser interessante, pode ser que traga outro público, jovem", diz Alessandra.

A PARTE, como contam Tamara e Lina, está sendo realizada com orçamento de cerca de R$ 500 mil - sem o uso de Lei Rouanet e contando com recursos também de um terceiro sócio investidor. "Mas estamos conversando também com patrocinadores", diz Lina. A entrada para a feira será de R$ 15 , entretanto, os catálogos serão distribuídos gratuitamente para o público. Como parte ainda do evento existe a ideia de se fazer encontros e palestras com curadores convidados.

Só que, afinal, o grande foco da nova feira é que os visitantes comprem obras de arte no evento (e todas elas estarão com os preços estampados ao lado). "As pessoas gastam muito comprando pôsteres", diz Lina, completando que é possível encontrar no mercado peças de qualidade com preços mais baixos. Será um desafio: na SP-Arte, realizada no Ibirapuera e de grande porte, apenas 10% do público (cerca de 17 mil este ano) compra efetivamente na feira, diz a organizadora do evento, a advogada Fernanda Feitosa.

Foco
A feira está marcada para ocorrer entre 17 e 20 de novembro em espaço na Rua Lisboa, 904, em Pinheiros. Com entrada de R$ 15, o evento vai contemplar, por exemplo, fotografia, gravura e street art predominantemente nacionais.


>> veja a programação, artistas e galerias que participam em 'PARTE - feira de arte contemporânea'